domingo, 27 de novembro de 2011

De que maneira poderá o jovem guardar puro seu caminho?


De que maneira poderá o jovem guardar puro seu caminho? Observando-o segundo tua palavra.(Sl 119.9)


CHARLES SPURGEON
   
 Como poderá ele tornar-se e manter-se santo na prática? Ele não passa de um jovem, cheio de quentes paixões e carente de conhecimento e experiência; como poderá conquistar o certo e conservar o certo? Nunca houve uma pergunta mais importante para qualquer pessoa; nunca haverá um tempo mais oportuno para fazê-la do que no início da vida. Não é uma tarefa de forma algu­ma fácil para um jovem ver-se no espelho da realidade. Deseja escolher um caminho limpo, sendo ele mesmo limpo, ver seu ca­minho isento de qualquer imundície que porventura surja no futu­ro e encerrar mostrando um curso límpido desde o primeiro passo até o último. Mas, ai de mim!, dirá ele, meu caminho já é impuro pelo pecado atual que já cometi, e eu mesmo possuo em minha própria natureza a tendência para aquilo que contamina. Mas essa é uma questão muito difícil; primeiro, de começar certo; em se­guida, de ser sempre capaz de saber escolher o certo e de prosse­guir agindo certo até que a perfeição seja por fim alcançada - se isso é difícil para qualquer pessoa, como um jovem poderá conse­gui-lo? O caminho, ou a vida, de uma pessoa tem que ser purifica­da dos pecados de sua juventude atrás de si, e mantida pura dos pecados que surgirão diante de si: eis a obra; eis a dificuldade.
Nenhuma ambição mais nobre que esta poderá um jovem de­parar diante de si, nenhuma para a qual é ele chamado a assegurar uma vocação; porém nenhuma em que encontrará maiores difi­culdades. Entretanto, que ele jamais se esquive do glorioso empre­endimento de viver uma vida pura e graciosa; ao contrário, que ele descubra no caminho todos os obstáculos que precisam ser venci­dos. Tampouco pense ele que já conhece a estrada para uma vitó­ria fácil, nem sonhe que pode guardar-se por sua própria sabedo­ria. Fará bem seguindo o exemplo do salmista, tornando-se um solícito inquiridor, perguntando como poderá purificar seu cami­nho. Que se torne um discípulo prático do santo Deus, o único que pode ensiná-lo como vencer o mundo, a carne e o diabo, esta tríade de conspurcadores por meio da qual a vida promissora de muitos se torna conspurcada. Ele é jovem e inexperiente na estra­da, por isso não se acanhe de freqüentemente inquirir sobre o ca­minho de alguém que está pronto e habilitado para instruí-lo no mesmo.
Nosso caminho é um tema que nos preocupa profundamente, e é muitíssimo preferível inquirir sobre ele do que especular acerca de temas misteriosos que antes fascina do que ilumina a mente. Dentre todas as perguntas que um jovem faz, e são muitas, que esta seja a primeira e principal: "De que maneira poderei guardar puro meu caminho?" Esta é uma pergunta sugerida pelo senso comum e acossada pelas ocorrências diárias; mas não deve ser respondida pela razão desamparada; nem, quando respondida, as diretrizes podem ser confirmadas pelo poder humano impotente. Nossa tarefa é formular a pergunta; a Deus cabe fornecer-nos a resposta e capacitar-nos para torná-la concreta.
Observando-o segundo tua palavra. Querido jovem, que a Bíblia seja seu mapa, e que você exerça grande vigilância para que seu caminho se amolde a suas diretrizes. Você deve cuidar para que sua vida diária seja pautada pelo estudo de sua Bíblia, e deve estudá-la para que aprenda a precaver-se em sua vida diária. Com o máximo cuidado, uma pessoa ainda poderá extraviar-se, caso seu mapa a conduza equivocadamente; porém, com um bom mapa, ela ainda poderá perder sua estrada, caso esteja desatenta. O ca­minho estreito jamais poderá ser achado por acaso, tampouco uma pessoa descuidosa jamais viverá uma vida santa. Podemos pecar sem refletir; o que temos a fazer é apenas negligenciar a grande salvação e arruinar nossa alma. Obedecer, porém, ao Senhor e andar retamente carece de todo nosso coração, alma e mente. Que os displicentes recordem isso.
   Não obstante, a palavra é absolutamente necessária; pois, caso contrário, a prudência se transformará em mórbida ansiedade e a escrupulosidade poderá transformar-se em superstição. Um capi­tão poderá vigiar de seu tombadilho a noite inteira; mas se nada conhecer da região costeira e não tiver a bordo nenhum piloto apto, com toda sua prudência poderá apressar-se para o naufrá­gio. Não basta querer ser certo; pois a ignorância pode levar-nos a pensar que estamos fazendo o serviço de Deus, quando, na verda­de, o estamos provocando; e o fato de nossa ignorância não rever­terá o caráter de nossa ação, por mais que ela mitigue seu poder criminoso. Se uma pessoa demarcar cuidadosamente o que crê ser uma dose de medicamento útil, ela morrerá se vier a perceber que lançou mão de um frasco errado e que serviu-se de um vene­no mortífero; o fato de fazer isso ignorantemente não alterará o resultado.
   Ainda assim, um jovem poderá cercar-se de dez mil males ao valer-se cuidadosamente de um critério imponderado e recusar o recebimento da instrução da Palavra de Deus. Ignorância inten­cional por si só eqüivale a pecado intencional, e o mal advindo daí é injustificado. Que cada pessoa, seja jovem ou idosa, que anseia ser santa, então mantenha em seu coração uma santa vigilância, e mantenha sua santa Bíblia aberta bem diante de seus olhos. Aí ela encontrará assinalada cada curva da estrada, cada lamaçal, cada atoleiro indicado, com a via de chegada desimpedida; e aí, tam­bém, achará luz para suas trevas, conforto para sua exaustão e companhia para sua solidão, de modo que, com seu auxílio, alcan­çará a bênção do primeiro versículo do Salmo, a qual inspirou a solicitação do salmista e despertou seus anseios.
Note a posição que a primeira seção de oitos versículos man­tém para com seu primeiro versículo: "Bem-aventurados os irre­preensíveis em seu caminho", e a segunda seção corre paralela a ele, com a pergunta: "De que maneira poderá o jovem guardar puro seu caminho?" A bem-aventurança que é posta diante de nossos olhos numa promessa condicional deve ser buscada de for­ma prática na forma designada. Diz o Senhor: "Por isso eu serei buscado pela casa de Israel para agir por eles."
   Quanto mais depressa nos valemos de uma promessa de Deus, melhor; especialmente quando no raiar do dia nos nutrimos de ânimo, pois disse a Sabedoria: "Aqueles que no alvorecer me bus­cam, encontrar-me-ão." E lamentável que por um ano, ou mesmo um dia ou uma hora, percamos a bem-aventurança que pertence à santidade.

Um comentário:

  1. WIKIPEDIA
    Charles Haddon Spurgeon, comumente referido como C. H. Spurgeon (Kelvedon, Essex, 19 de junho de 1834 — Menton, 31 de janeiro de 1892), foi um pregador batista reformado britânico.
    Converteu-se ao cristianismo em 6 de janeiro de 1850, aos quinze anos de idade. Aos dezesseis, pregou seu primeiro sermão; no ano seguinte tornou-se pastor de uma igreja batista em Waterbeach, Condado de Cambridgeshire (Inglaterra). Em 1854, Spurgeon, então com vinte anos, foi chamado para ser pastor na capela de New Park Street, Londres, que mais tarde viria a chamar-se Tabernáculo Metropolitano, transferindo-se para novo prédio.
    Desde o início do ministério, seu talento para a exposição dos textos bíblicos foi considerado extraordinário. E sua excelência na pregação nas Escrituras Bíblicas lhe deram o título de O Príncipe dos Pregadores e O Último dos Puritanos.

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