segunda-feira, 1 de julho de 2013

LOUCO POR JESUS

Pr. Lucinho Barreto 
Data: 13/09/2012

















De cabelo arrepiado, tênis e sorriso fácil, o Pr. Lucinho Barreto conquista cada vez mais o público jovem. Ele viaja o Brasil inteiro para falar de uma loucura muito saudável. Loucura que lhe rendeu três livros lançados pela editora Central Gospel:Manual de sobrevivência para o jovem cristãoJohnny, esta noite pedirão sua alma eLoucos por Jesus - Vol. IPr. Lúcio Barreto Júnior, mais conhecido como Pr. Lucinho, estuda a vida e o comportamento jovem há 20 anos. Seu ministério é conhecido pela ousadia e bom humor com que a Palavra de Deus é pregada. “Jovem não quer tédio. Ele quer loucura”, explica. Uma de suas loucuras foi parar na internet recentemente: uma foto em que ele cheira a Bíblia como se fosse cocaína. A foto foi destaque em mídias seculares e evangélicas. Em um bate-papo, o Pr. Lucinho fala sobre essa polêmica e conta como surgiu seu ministério, a relação com sua família e curiosidades sobre a autoria de seus livros. Conheça mais sobre este louco por Jesus.

Quando começou a sua “loucura por Jesus”?

A minha loucura por Jesus começou no final da minha adolescência, quando eu fui batizado pelo Espírito Santo. Poucos anos antes eu havia perdido minha mãe. Estava vivendo uma crise de depressão e tristeza. Mas, assim que fui batizado, notei uma mudança muito grande em tudo: nas minhas motivações, ações e reações. E a partir daí, o Espírito Santo que é esse “fazedor de loucos por Jesus”, colocou-me neste caminho para viver intensamente por Deus.

Qual o segredo para ser “louco por Jesus”?

O segredo é ter em você o “fazedor de loucos por Jesus”, que é o Espírito Santo. Não existe loucura por Jesus à parte do Espírito Santo. Se nós somos cheios do Espírito, o tempo inteiro, Ele vai nos apontar, levar e guiar até a pessoa de Cristo. Se nós estivermos cheios de Jesus, seremos loucos, apaixonados por Ele, por causa da pessoa bendita do Espírito Santo.

Como surgiu seu ministério com os jovens?

Meu ministério com os jovens surgiu exatamente depois que fui batizado pelo Espírito Santo. Eu passei por uma adolescência muito conturbada, doente. Eu me sentia sozinho com a perda da minha mãe e do meu pai. Logo que fui batizado, vi o Senhor me encaminhando para começar a trabalhar com moças e rapazes, adolescentes, que viviam no mesmo perfil que eu vivia. Como eu casei cedo, com 21 anos de idade, eu trabalhei com pessoas 5 a 8 anos mais novas que eu. Eu comecei a dar para eles aquilo que eu mesmo precisava na minha adolescência e não tinha. Então, o Senhor me ajudou a ministrar na vida deles exatamente nas áreas em que eu mais sofri.

Ao conhecer a sua esposa, você já tinha esse trabalho com os jovens? Qual a relação da sua família com seu ministério?

O início do meu ministério foi um pouco antes de conhecer a Patrícia, minha esposa. Mas quando ele começou para valer, ela já estava comigo. Minha família tem tudo a ver com meu ministério. Tem tudo a ver porque minha esposa é jovem como eu, e desde muito tempo vem me ajudando nesse desafio. E hoje tem muito mais a ver principalmente por causa dos meus dois filhos que estão entrando na adolescência. São eles os meus grandes professores no ministério. Eles me mantêm jovem. É analisando e estudando a vida dos meus filhos que eu descubro quais rumos eu devo tomar. A cumplicidade da minha família comigo é em todos os aspectos. Eu não conseguiria fazer um ministério jovem sem a ajuda deles.

Como você trabalha seu ministério na sua casa, no dia-a-dia?

Eu procuro dedicar as minhas manhãs para orar e ler a Bíblia. Eu sou muito apaixonado pelas disciplinas espirituais. Eu jejuo constantemente também. Dentro de casa, eu procuro viver a loucura por Jesus, amar a Cristo, dar aos meus filhos e à minha esposa o exemplo de um homem de Deus, que não se rende a correria do dia-a-dia, que não é um pastor mecânico, no piloto-automático, mas uma pessoa que os abandona para estar com Cristo. Ao abandoná-los todos os dias por algumas horas para buscar a Deus, eu tenho o respeito deles e a autoridade para ministrar fora de casa, porque estou vivendo Cristo dentro de casa. Também respondo a e-mails, escrevo livros e preparo sermões em casa. Mas as principais atividades são a leitura da minha Bíblia e a oração.

Já passou por alguma situação inusitada em seu ministério com os jovens?

Já passei por várias situações inusitadas em meu ministério. Na verdade, quase todas elas eu mesmo criei (risos). Para trabalhar com jovem tem de ser inusitado, louco. Os jovens querem ver loucura. Jovem não quer tédio. Várias vezes eu me fantasiei de super-herói para pregar, fiz festas temáticas e atraí milhares de jovens, e lá eles foram evangelizados.

Conte uma loucura que você já fez em seu ministério.

Certa vez eu lancei o desafio de batizarmos mil jovens em um ano. Fizemos um negócio chamado “Batismo drive-tru”. Passamos o dia inteiro no batistério, e os jovens traziam seus amigos para serem batizados. Nós ficamos ali de 9h às 23h. Somente naquele dia batizamos 98 jovens.

Suas loucuras já lhe renderam resposta negativa?

Já fui confrontado por erros que cometi no ministério com jovens. Fui perseguido por pais, fui xingado, fui chamado de “transformador de igreja em boate”, por tentar transformar a igreja num ambiente onde o jovem se sentisse mais alegre. Já me chamaram de palhaço, brincalhão... Mas a situação mais linda de todas é ver a transformação do coração daqueles por quem a gente se entregou por tantos anos.

A foto em que você cheira a Bíblia também gerou a maior polêmica. Como foi isso?

Eu tirei aquela foto há um ano em um ensaio fotográfico para o meu site. Na hora de tirar mil fotos, eu pensei em quais poses poderia fazer. Vesti fantasia de super-herói, tirei foto de terno e gravata, com cabelinho baixinho. Peguei a Bíblia e comecei: tirei foto com a Bíblia como se ela fosse uma arma, outra como se estivesse comendo. Lembrei-me do Salmo 119.131, que diz: “Abri a minha boca, e respirei, pois que desejei teus mandamentos”, e da música do Salomão, do Reggae, que diz: "baseado na Palavra e nela eu viajo". Pensei: "Rapaz, eu vou tirar uma foto como se eu estivesse fazendo o que o usuário de droga faz, só que inalando a Palavra de Deus". Depois que eu tirei, falei para o pessoal não divulgar, porque daria confusão.

Toda quarta-feira, eu tenho um culto lá na Missão Praia da Costa, em Espírito Santo, chamado Quarta Louca por Jesus, do Pr. Simon do Araújo. Toda semana eles colocam uma foto nova minha. Eu passei para eles o arquivo com as fotos do ensaio, e eles escolheram essa foto em que eu estou cheirando a Bíblia.

Como foi a repercussão disso no seu ministério?

O tipo de peixe que eu pesco requer de mim estratégias um pouco mais radicais. Muitos jovens que viram essa imagem disseram, na linguagem deles, que é normal. Por quê? Eles veem filmes de Hollywood, todo tipo de coisa dentro e fora do Reino de Deus, que até os faz achar isso normal.

A resposta da mídia e de alguns evangélicos foi negativa, mas você alcançou alguma resposta positiva?

Eu recebi o telefonema de um jovem chamado David. Ele me disse que estava chorando no banheiro da casa dele depois de ver a foto no jornal, disse ser usuário de cocaína, mas não queria mais essa vida. Falei para ele jogar a droga no vaso sanitário e dar descarga, e orei com ele. Esse rapaz disse que já pesou 90kg, mas por causa das drogas, estava com 60kg, e que ao me ver cheirando a Bíblia, viu que precisava voltar para Jesus. Até marquei um encontro com ele.

O que eu quero dizer é que fiz essa foto com dois intuitos: primeiro, um usuário de droga não precisa da droga, mas por para dentro algo melhor, que é a Palavra de Deus. É uma viagem de cara limpa. Você não tem de se drogar; e a segunda: você que não é drogado, mas não está colocando a Bíblia para dentro de você. Quem sabe você é um cristão sem Bíblia. Não lê, não pratica, não vive e não crê na Palavra de Deus.

E quanto às pessoas que reprovaram a sua atitude, o que você diria a elas?

Para o tipo de peixe que eu estou pescando, essa atitude é considerada aceitável e até uma grande estratégia para ganhar jovens. Mas eu entendo aquelas pessoas queridas que viram e ficaram chocadas.

Eu quero dizer que, se alguém se sentiu ofendido ou entristecido, eu peço perdão a essa pessoa, mas eu, Lucinho, não tenho dificuldade com essa imagem. O meu relacionamento com a minha Bíblia me permite isso. E me permite até mais.

Então você está tranquilo quanto a foto?

Que fique claro que eu não me arrependo do ato, mas peço desculpas a quem se sentiu triste. Se alguém vivesse o que eu vivo, de ser pastor de jovens, entenderia que, a mensagem é santa (diz segurando a Bíblia), mas as estratégias para leva-la... Se for com uma música, uma fantasia, um teatro, está valendo.

Quando começou a escrever seu primeiro livro? Do que se tratava?

Comecei a escrever ha uns 12 ou 13 anos. Ele se chamava Manual de sobrevivência para pais de adolescentes. Na época eu estava trabalhando com adolescentes, e senti necessidade de ter os pais ao meu lado. Por isso eu escrevi esse livro, com a intenção de chamá-los como aliados nesse desafio de pastorear adolescentes.

Existe algum padrão ou regra que você siga ao escrever um livro?

Bem, ao escrever para jovens, eu geralmente sigo a tendência que me é dada pelos próprios jovens. O mundo muda a cada seis meses, e o mundo jovem muda muito mais rápido que isso. Então, eu corro o risco de estar falando de coisas que não são relevantes para eles.

Qual a sua referência ao escrever para jovens?

Quando eu vou escrever um livro ou gravar uma mensagem, um DVD, eu procuro ouvir qual é a carência, a necessidade do instante. Porque são eles que dão o norte para eu saber o que falar, o que escrever e o que ministrar na vida deles, senão posso cair no erro.

No Manual de sobrevivência para o jovem cristão, você cita exemplos, dá referências bíblicas e abrange assuntos que muitos jovens ainda sentem vergonha de conversar e tirar dúvidas. Como foi a preparação para montar esse conteúdo?

A preparação veio basicamente dos atendimentos que eu faço com os jovens, gabinetes pastorais, atendimentos dos finais de culto e do que eles me mandam pela internet. Eles me mandam perguntas há quase 20 anos, e fazem perguntas pessoalmente. Foi juntando esses e-mails e prestando atenção naquilo que eles me diziam que eu reuni todo o material e escrevi o Manual de sobrevivência para o jovem cristão. Não queria escrever o que eu achava que fosse relevante para eles, mas queria permitir que eles me guiassem na direção que eles achavam que era importante. Eu até brinco quando anuncio o livro, dizendo que o escrevi para que eles parassem de me mandar e-mails fazendo perguntas (risos). O objetivo é exatamente ser um livro que dá um rumo, que dá uma direção para essa geração.

O livro Loucos por Jesus é uma série?

É uma série, sim. É uma série de quatro livros. Eu já estou com o material todo pronto para terminar o quarto. Já lancei três, sendo que o volume I foi pela editora Central Gospel.

Qual a linha que você segue nesses três livros?

Bem, o que eu tentei colocar nesses livros foi o que me abençoou. A minha linha de pensamento é a seguinte: se eu quisesse ser um advogado de sucesso, eu teria de me espelhar nos melhores advogados do mundo e estudar a vida deles. Se eu quisesse ser um jogador de futebol de sucesso, eu deveria imitar a vida daqueles que foram bons de bola. Então, eu escrevi o Loucos por Jesus contando em cada um deles 60 histórias de homens e mulheres que marcaram o mundo com sua fé, exatamente para que, quando a gente lesse esses livros, o nosso padrão subisse, e para que tivéssemos exemplos muito fortes para ter condições de viver um cristianismo acima da média. Foi com esse objetivo que eu escrevi a série Loucos por Jesus. Para servir de inspiração para essa geração.

Inclusive o volume III da série tem transformado a vida de muitos. Ele se chama Loucas por Jesus, que conta 60 história de mulheres e moças que marcaram o mundo. E são milhares de mulheres e moças que já me mandam e-mails e cartas e dizendo que tiveram suas vidas completamente transformadas pela leitura desse livro.

De onde surgiu a ideia para escrever Johnny, essa noite pedirão sua alma?

Em 2004, eu fui para a Índia, em uma viagem missionária. Lá eu descobri que muitos hindus vão até o santuário Hindu para o sacerdote dizer qual dia eles vão morrer. Na Índia é corriqueiro o sacerdote olhar para a cabeça da pessoa, entrar em transe e dizer que a pessoa vai morrer no dia tal do mês tal do ano tal. Quando eu vi isso, pensei: “Meu Deus, essa é uma história que, quem sabe, dá para contar”. A partir daí eu resolvi escrever um livro sobre um jovem que conseguia ver o dia em que as pessoas morreriam.

Como foi montá-la?

Montar essa história não foi fácil, porque eu tentei pegar a ideia que tive na Índia e adaptar para o mundo jovem, no perfil do jovem brasileiro. A história de Johnny não se passa nos Estados Unidos. Eu fiz questão de fazer toda a história se passar numa cidade brasileira, onde o clima, as roupas, as expressões são bem brasileiras. Muito do que temos hoje de ficção cristã são traduções americanas. Eu fiz questão de que o personagem, apesar do nome, fosse brasileiro.

Então, como nasceu o personagem Johnny?

(Risos) Bem, quem me conhece sabe que o Johnny sou eu. Eu sou um menino que já fui muito doente, encarei a morte muitas vezes, fui diagnosticado com doenças seriíssimas. Até em aspectos mais simples do livro, quem me conhece, percebe que Johnny sou eu.

Johnny é sempre apressado. Eu sou muito apressado. Às vezes ele aparece comendo maçã. Maçã é a minha fruta favorita. Mas principalmente a pessoa de Johnny sou eu, porque eu tive um encontro muito radical com Cristo, como ele teve. Eu encarei a morte de frente, a morte mesmo, muitas vezes na minha vida. E eu fui poupado da morte, assim como o Johnny. Então, o personagem foi montando em cima de aspectos da minha vida que poucos conhecem.

Qual o seu recado para que a juventude tenha um real encontro com Deus?

Meu recado é muito simples: pare de existir e comece a viver. Um objeto existe, mas ele não está vivo. Mas uma pessoa não. Uma pessoa pode estar viva ou pode só existir. Qual é a diferença entre existir e viver? É ter um encontro real, marcante e poderoso com o autor da vida. Enquanto você não conhece esse Jesus e não é louco por Ele, você só existe, só vegeta, está no piloto-automático. Você está vivo, mas não está vivo. Mas quando você se torna louco por Cristo, e esse amor e essa paixão te consomem de dia, de tarde e de noite, você para de existir e a verdadeira vida começa. Seja muito louco por Jesus, comece a colecionar loucuras por Ele. Quem sabe um dia, lá no futuro, não vai surgir um outro “Lucinho” que vai escrever um outro livro Loucos por Jesus, e quem sabe, se você tiver vivido bem apaixonadamente por Cristo, o seu nome e o meu estarão nesse livro de heróis da fé. Deus te abençoe. Seja muito louco por Jesus.

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